sexta-feira, 18 de dezembro de 2009




As lavadeiras de Lençóis..

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

confira
tudo que respira
conspira
[Paulo Leminski]

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009


"Como ciumento, sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo em sê-lo, porque temo que meu ciúme magoe o outro e porque me deixo dominar por uma banalidade. Sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum." Fragmentos de um discurso amoroso - R. Barthes

terça-feira, 1 de dezembro de 2009



terça-feira, 24 de novembro de 2009


Inhambupe - BA

domingo, 15 de novembro de 2009

Tudo que você queria saber sobre Woody Allen

André Barcinski
Colaboração para a Folha

São muitas as obsessões de Woody Allen: cinema, amor, casamento, traição, adultério, velhice, Ingmar Bergman, Dostoiévski, Marx (Groucho, não Karl), Deus, religião, morte, sexo, sexo e mais sexo. Nenhum cineasta, nos últimos 45 anos, tratou de neuroses, inseguranças e fobias com tanta graça quanto esse hipocondríaco judeu nova-iorquino.

Quem curte as obsessões de Allen terá um prato cheio a partir de quarta-feira, quando começa a retrospectiva A Elegância de Woody Allen no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio e de São Paulo, com mais de 40 filmes. Para melhorar, todos serão exibidos em película, o que vai permitir apreciar melhor o trabalho de grandes fotógrafos com quem Allen trabalhou, como Gordon Willis (Coppola), Sven Nykvist (Bergman), Zhao Fei (Zhang Yimou) e Carlo Di Palma (Antonioni).

Assistir aos filmes em ordem cronológica dá uma ideia da trajetória e evolução de Woody Allen como cineasta. O auge se deu a partir da metade dos anos 70, quando dirigiu grandes filmes, como "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (77), "Manhattan" (79) e "Hannah e Suas Irmãs" (86).

A retrospectiva é uma boa chance também de lembrar as influências cinematográficas de Woody Allen. Da mesma forma que Quentin Tarantino, seus filmes são colchas de retalhos de outros cineastas. "Os Trapaceiros" (2000) é uma versão da clássica comédia italiana "Os Eternos Desconhecidos" (58), de Mario Monicelli; "A Rosa Púrpura do Cairo" é inspirado em "Sherlock Jr." (24), de Buster Keaton.

Mas as duas maiores influências de Allen são mesmo Ingmar Bergman e Federico Fellini. Do sueco, Allen tomou emprestado "Sorrisos de uma Noite de Amor" (no seu "Sonhos Eróticos de Uma Noite de Verão", 82), "Morangos Silvestres" ("Desconstruindo Harry", 97), "Gritos e Sussurros" ("Interiores", 78) e "O Sétimo Selo" ("A Última Noite de Boris Grushenko", 75). De Fellini, "La Strada" ("Poucas e Boas", 99), "Oito e Meio" ("Memórias", 78) e "La Dolce Vita" ("Celebridades", 98).

Nos últimos anos, Allen aproveitou seu prestígio na Europa, onde produziu quatro filmes: "Match Point", "Scoop" e "O Sonho de Cassandra", na Inglaterra, e "Vicky Cristina Barcelona", na Espanha. Há informações de um longa a ser rodado no Rio de Janeiro, em 2011. Enquanto isso não se confirma, Allen voltou a Londres para seu mais recente filme, ainda sem título, estrelado por Anthony Hopkins e Josh Brolin (de "Onde os Fracos Não Têm Vez").

http://www.folha.uol.com.br/

quinta-feira, 12 de novembro de 2009


As crianças no Sertão Arraial da Mãe D'água de Cipó ...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009


Paulo Afonso - BA

quinta-feira, 29 de outubro de 2009


Ribeira do Pombal - BA

Banzaê-Bahia

Foto: Otto Stupakoff

Melhor meio de transporte de Cipó (BA): bicicleta

quarta-feira, 28 de outubro de 2009



/Futebol/
Ribeira do Pombal - BA

*clica em cima da foto, cabeça, que a imagem fica maior!

sábado, 24 de outubro de 2009

O post de hoje é para Sebastião Salgado. Economista e fotógrafo mineiro.

Essas são algumas de suas 60 fotografias, tiradas entre 2002 e 2007, para a mostra "In Principio", que documentou sua viagem à Etiópia, Brasil, Guatemala, Colômbia e Índia - países produtores de café. Ele registrou com sua Leica as diversas etapas da produção cafeeira. Desde sua colheita até os processo de secagem, seleção de grãos e tostadura.

In principio foi patrocinada por uma marca italiana de café e em 2007 foi exposta na Galeria 32 localizada na embaixada do Brasil em Londres, e em setembro do ano passado a mostra esteve em cartaz na galeria Postfuhramt, em Berlim.
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"ligação com o grão"
Quando era criança Sebastião Salgado ajudava seu pai transportando sementes de café do Brasil até os portos. Na década de 70, já economista, trabalhou durante dois anos na Organização Internacional do Café.






"Esta exposição é uma forma de voltar às minhas origens". Sebastião Salgado





"Muita gente nos países ricos acredita que o café é feito atrás do supermercado, portanto a idéia é mostrar que os grãos de café que compram passaram por muitas mãos e requerem muito trabalho". Sebastião Salgado



A propósito ... Vou tomar uma xícara de café. Acabei de acordar!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009



INFÂNCIA ROUBADA
Povoado de Campo Alegre - Santa Terezinha (BA)
Fotos: Cecílio Bastos
*Fotografias premiadas na II Mostra Cultural da Universidade Estadual da Bahia

¡Sigui así! Dale!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

enfrentar a babilônia

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Vida antes da morte / 24 pessoas em dois cliques vitais: um pouco antes do adeus e o seguinte logo depois

Texto por Ana Maria Peres/Fotos Walter Schels

“Vim aqui para morrer. Por que ainda não morri?”
Walter Wegner nasceu no dia 18 de dezembro de 1923 e morreu em 13 de março de 2005
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Uma ressonância magnética no cérebro do publicitário Heiner Schmitz mostrou que ele não tinha muito tempo de vida. Em poucos dias, o alemão de 52 anos teve de se mudar para um Hospiz, tipo de instituição comum na Europa, voltada ao cuidado de portadores de doenças incuráveis, para amenizar as circunstâncias. Uma pessoa internada em um Hospiz – ou Hospice, em inglês – sabe que a morte está bem próxima.
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Nessa época, em novembro de 2003, o fotógrafo Walter Schels, 72, e a jornalista Beate Lakotta, 42, já estavam tocando, há um ano, o projeto Noch Mal Leben (Viver de novo, em tradução livre), com a proposta de documentar a vida – e a morte – de pessoas em situação semelhante à de Schmitz. Em locais como o Hospiz em Hamburgo, onde estava o publicitário, a dupla passou a conviver com pacientes que toparam compartilhar seus últimos instantes. Como resultado de cada paciente acompanhado, dois cliques de Schels – um pouco antes do momento final e, o seguinte, instantes depois da morte – e um depoimento colhido por Beate.
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“Tudo o que está além deste mundo é melhor do que nosso mundo. Melhor do que qualquer coisa que nossa mente possa imaginar.”
Maria Hai-Anh Tuyet Cao nasceu no dia 26 de agosto de 1951 e morreu em 15 de fevereiro de 2004
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Todos os escolhidos sofriam com dramas parecidos com o de Schmitz. Os encontros com o publicitário não duraram muito. Durante aquele período, os amigos se empenharam: promoveram várias festas em seu quarto, traziam cervejas, cigarros e assistiam a jogos de futebol pela TV. As meninas da agência levavam flores com desejos de melhoras. Depois de um mês, Heiner se foi. “Algumas pessoas se abriram muito mais com a gente do que com parentes e amigos. Parece bem difícil encontrar alguém disposto a dividir desespero e tristeza”, afirma o fotógrafo.


“Ninguém questiona como me sinto. Estão todos com cagaço. Conversam sobre tudo, menos sobre isso. Acho realmente triste esse jeito desesperado de evitar o assunto. Vocês não entendem? Vou morrer! Esse é o único pensamento que me ocorre.”
Heiner Schmitz nasceu no dia 26 de novembro de 1951 e morreu em 14 de dezembro de 2003
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Casados há 12 anos, Walter e Beate contam que o projeto foi um meio de aprender a encarar a própria morte. “Temos 30 anos de diferença. De repente, ficamos assustados com o fato de que um dos dois tinha que morrer primeiro. Como seria a sensação de ficar?”, ela quis saber. “Fomos atrás da resposta.”
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Entre dezembro de 2002 e junho de 2005, o casal entrevistou e retratou 24 pessoas de idades e perfis variados, resultando numa exposição que passou por diversos países. “Todos sabemos que vamos morrer um dia. Mas não acreditamos que isso vai nos acontecer de fato”, explica a jornalista, que é especializada em ciência e faz parte do staff da revista Der Spiegel. “Muitos entrevistados disseram que a doença aparecera justamente no momento em que haviam decidido passar mais tempo com a família, viajar bastante, ter mais prazer. Perceberam que a vida estava acabando quando, em tese, deveria começar”, diz. “Agora procuro evitar esse equívoco; estou centrada no presente.”


“É possível ter uma segunda chance na vida? Acho que não. Eu não tenho medo da morte – vou ser apenas um dos milhões, bilhões de grãos de areia no deserto.”
Klara Behrens nasceu no dia 2 de dezembro de 1920 e morreu em 6 de fevereiro de 2004
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Para Walter Schels, o trabalho também o ajudou a se livrar de alguns traumas. “Passei por experiências terríveis durante a Segunda Guerra, quando minha casa foi bombardeada. Com apenas 9 anos tive que identificar corpos queimados dos vizinhos pelas roupas. Desde então, evitei o contato com a morte; aos 18, permaneci distante do meu pai quando ele morreu e, aos 50, nem ousei olhar para minha mãe durante seu velório”, conta. “Durante anos, tive um esqueleto no meu estúdio para tentar superar esse medo, mas não deu certo. Tive que me desfazer dele.”
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Após o contato com as pessoas que vemos nestas páginas, ele enxerga o assunto hoje de forma mais amena. “Fazer o último retrato foi uma espécie de meditação sobre minha própria morte. Cada um dos encontros foi um choque de realidade, mas tentamos não lutar contra a tristeza. Na verdade, foi menos assustador do que havia imaginado.” Por quê? “A última vez na vida pode ser uma experiência preciosa e intensa. Com a morte, a dor desaparece. Basta olhar.”
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+ http://www.noch-mal-leben.de/
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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Estava escrito: Mateus 171

sexta-feira, 25 de setembro de 2009


mandioca=farinha
[Itapirucú-Bahia]

51- uma boa idéia!
[Beterraba de Vitória da Conquista]

São Roque em São Lázaro

terça-feira, 22 de setembro de 2009



Enquanto aguardo a postagem das fotos dela do final de semana em Oslo, apresento-lhes os sinos da Igreja Nossa Senhora da Conceição de Aporá

domingo, 13 de setembro de 2009

Aporá-Bahia

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

09-09-2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009


Itapicurú-Bahia

domingo, 6 de setembro de 2009

Definições de beleza:
"Uma recomendação silenciosa" (Aristóteles)
"Uma recomendação superior à de qualquer carta de introdução" (Aristóteles)
"Um reino de curta duração" (Sócrates)
"Uma superioridade natural" (Platão)
"Um logro silencioso" (Teofrasto)
"Um infortúnio numa moldura de marfim" (Teócrito)
"Um presente glorioso da natureza" (Homero)
"Uma monarquia que precisa de defensores" (Carneades)
"Que ninguém, porque é jovem, demore para filosofar; pois ninguém se decide cedo demais nem tarde demais a assegurar a saúde da alma. E quem disser que a hora já passou, assemelha-se àquele que, falando da felicidade, diz que essa hora ainda não chegou ou que já passou. Assim sendo, devemos filosofar quando somos jovens e quando somos velhos; no primeiro caso, para que, ao envelhecer, permaneçamos jovens [...] devido ao reconhecimento que sentimos pelo que passou; no segundo caso, para sermos, ao mesmo tempo, jovens e velhos por nos termos livrado do temor do que está por vim. Portanto, devemos ocupar-nos com o que produz a felicidade, pois, se ela estiver presente, temos tudo, ao passo que, se estiver ausente, fazemos tudo para tê-la. E a filosofia a que eu continuamente te exortava, pratica-a, exercita-te, nela compreendendo claramente que estão aí os elementos do bem viver."
[Epicuro - Carta a Meneceu]
Dos cabezas piensan mejor que una
Foto: Cecílio Bastos

segunda-feira, 24 de agosto de 2009


Rolou um arco-íris ontem no meio da tarde :)



"de boa" em Aporá


domingo, 23 de agosto de 2009



Ditados, Bíblia e Martini
Colunista passa a vida colecionando dizeres e reparte seu “best of” pessoal
Texto por J. R. Duran Ilustração Morgan Blair / http://www.morganblair.com/

Tenho o costume, devo confessar, de anotar em um canto de minhas agendas frases que vou lendo e que, de alguma maneira, me marcam. São pensamentos que devem ter aparecido na minha frente no momento certo. Seguem algumas delas, na ordem em que foram guardadas.


“Deixem as mulheres bonitas para os homens sem inspiração.” Essa é de Marcel Proust. Já o jornalista Mino Carta, se referindo a um político corrupto, escreveu em seu blog: “Não acredito em Lombroso. Mas há exceções, às vezes as aparências não enganam”. Quem escreveu “o que faz andar o barco não é a vela enfurnada, é o vento que não se vê” não foi um marinheiro, foi Platão. E Woody Allen constatou que “se nós falamos com Deus estamos rezando, mas se Deus fala conosco estamos loucos?”. Na época em que as companhias aéreas tornaram as viagens de avião pelo país um pesadelo, o comandante Rocha Lima sintetizou, brilhantemente, a um jornal, que “no Brasil de hoje ir de avião é o meio mais caro para se chegar atrasado a qualquer lugar”.


Interessado pela guerra do Vietnã, me chamou a atenção em uma revista piauí a foto de um isqueiro Zippo com os dizeres “In Vietnam the wind dosen’t blow. It sucks” (No Vietnã o vento não sopra. Suga). Já a frase “A verdade sempre brilha”, que parece saída de um brasão ou bandeira, não sei de onde saiu, mas já me serviu, muito, de consolo. Na sequência, um provérbio judeu: “Com uma mentira se pode ir muito longe, mas sem esperança de retornar”.


O filósofo espanhol Julian Marias escreveu que “no se puede ser inteligente sin ser generoso”, e isso me deixou encucado por um tempo. Já Aristóteles Onassis, armador grego que trabalhou a vida inteira para ser milionário e passou à história como o segundo marido de Jacqueline Kennedy, dizia: “The rule is: there are no rules” (A regra é: não existem regras). Talvez esse fosse seu segredo. Mas, por outro lado, em algum lugar li, e anotei, que alguém descobriu o óbvio, que “os ricos não reconhecem o que não tem preço”.


Guardo, também, os papeizinhos que me tocam nos biscoitos da sorte dos restaurantes chineses. Tenho três colados, um embaixo do outro, bastante enigmáticos. Um deles diz que “mesmo oprimido, procure pelo sucesso”, outro aconselha: “Não se preocupe com o que se passa de fora de sua porta”. Um terceiro sentencia que “tudo o que é visível deve expandir até penetrar o âmbito invisível”. Na verdade não sei ao certo se são enigmáticos, redundantes ou pretensiosos.


Chutando o balde
Neil Young aparece com uma frase retumbante e trágica: “Its better to burn out than to fade away” (algo como: É melhor se acabar do que desaparecer). Serve como uma luva para quem quer chutar o balde. Mario Quintana é mais romântico e escreve que “uma vida não pode apenas ser vivida, precisa também ser sonhada”. A seguir, depois de algumas semanas, deparei com o livro dos Eclesiastes, do Novo Testamento: “Stultorum infinitus est numerus” (O número de estúpidos é infinito). Já Santo Agostinho é bastante prático e cético com a condição humana. Escreve que “toda virtude se deve à falta de oportunidade para o vício”. E Guimarães Rosa vai numa linha mais sintética e platônica ao dizer que “quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo”.


Depois de uma viagem à Eritreia voltei com a frase, quase inútil, “knowledge makes one laugh, but wealth makes one dance” (o saber nos faz rir, mas a riqueza faz dançar). E um dia, monótono com certeza, me lembrei do Chacrinha dizendo “todo dia tomo banho, na mesma banheira do mesmo tamanho”. Por fim, um bom escritor dos anos 30, em Hollywood, de quem não lembro o nome, resumiu: “Quais são os três maiores prazeres da vida? Um dry martini antes e um cigarro depois”. http://revistatrip.uol.com.br/revista/180/colunas/ditados-biblia-e-martini.html

O anãozinho de olho!
(Praça de Aporá-Bahia)
Dona Alcina de Aporá ...
"Com açúcar, com afeto
Fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa ..."
(Chico Buarque)
Mais um silencioso domingo
Estou aqui - no mesmo lugar
Pensando na vida e sentindo aquela vibe!
"A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranqüila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor"
(Vinicíus de Moraes - Tom Jobim)

Composição: Zé Keti / Hortêncio Rocha

domingo, 16 de agosto de 2009

Confiando no anoitecer
[MAM Bahia]

sábado, 15 de agosto de 2009

"Fotografo para ver como o mundo fica fotografado".
Garry Winogrand

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

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A partir de hoje vou postar algumas entrevistas realizadas por Clarice Lispector (entre maio de 1968 e outubro de 1969 e entre dezembro de 1976 e outubro de 1977) que foram publicadas regularmente na Revista Manchete, na seção "Diálogos Possíveis com Clarice Lispector" e na revista Fatos & Fotos: Gente. Para a primeira postagem escolhi a entrevista do poeta Vinícius de Moraes e do dramaturgo Nelson Rodrigues. Divirtam-se.
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Clarice: Vinícius, acho que vamos conversar sobre mulheres, poesia e música. Sobre mulheres porque corre a fama de que você é um grande amante. Sobre poesia porque você é um dos nossos grandes poetas. Sobre música porque você é o nosso menestrel. Vinícius, você amou realmente alguém na vida? Telefonei para uma das mulheres com quem você casou, e ela disse que você ama tudo, a tudo você se dá inteiro: a crianças, a mulheres, a amizades. Então me veio a idéia de que você ama o amor, e nele inclui as mulheres.
Vinícius: Que eu amo o amor é verdade. Mas por esse amor eu compreendo a soma de todos os amores, ou seja, o amor de homem para a mulher, de mulher para homem, o amor de mulher por mulher, o amor de homem para homem e o amor de ser humano pela comunidade de seus semelhantes. Eu amo esse amor mas isso não quer dizer que eu não tenho amado as mulheres que tive. Tenho a impressão que, àquelas que amei realmente, me dei todo.
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Clarice: Acredito, Vinícius. Acredito mesmo. Embora eu também acredite que quando um homem e uma mulher se encontram num amor verdadeiro, a união é sempre renovada, pouco importam as brigas e os desentendimentos: duas pessoas nunca são permanentemente iguais e isso pode criar no mesmo par novos amores.
Vinícius: É claro, mas eu ainda acho que o amor que constrói para a eternidade é o amor paixão, o mais precário, o mais perigoso, certamente o mais doloroso. Esse amor é o único que tem a dimensão do infinito.
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Clarice: Você já amou desse modo?
Vinícius: Eu só tenho amado desse modo.
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Clarice: Você acaba um caso porque encontra outra mulher ou porque se cansa da primeira?
Vinícius: Na minha vida tem sido como se uma mulher me depositasse nos braços de outra. Isso talvez porque esse amor de paixão pela sua própria intensidade não tem condições de sobreviver. Isso acho que está expresso com felicidade no dístico final do meu soneto "Fidelidade": "que não seja imortal posto que é chama/mas que seja infinito enquanto dure".
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Clarice: Você sabe que é um ídolo para a juventude? Será que agora que apareceu o Chico, as mocinhas trocaram de ídolo, as mocinhas e os mocinhos?
Vinícius: Acho que é diferente. A juventude procura em mim o pai amigo, que viveu e que tem uma experiência a transmitir. Chico não, é ídolo mesmo, trata-se de idolatria.
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Clarice: Você suporta ser ídolo? Eu não suportaria.
Vinícius: Às vezes fico mal-humorado. Mas uma dessas moças explicou: é que você, Vinícius, vive nas estantes de nossos livros, nas canções que todo mundo canta, na televisão. Você vive conosco, em nossa casa.
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Clarice: Qual artista de cinema que você amaria?
Vinícius: Marilyn Monrou. Foi um dos seres mais lindos que já nasceram. Se só existisse ela, já justificaria a existência dos Estados Unidos. Eu casaria com ela e certamente não daria certo porque é difícil amar uma mulher tão célebre. Só sou ciumento fisicamente, é o ciúme de bicho, não tenho outro.
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Clarice: Fale-me sobre sua música.
Vinícius: Não falo de mim como músico, mas como poeta. Não separo a poesia que está nos livros da que está nas canções.
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Clarice: Vinicíus, você já se sentiu sozinho na vida? Já sentiu algum desamparo?
Vinícius: Acho que sou um homem bastante sozinho. Ou pelo menos eu tenho um sentimento muito agudo de solidão.
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Clarice: Isso explica o fato de você amar tanto, Vinícius.
Vinícius: O fato de querer me comunicar tanto.
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Clarice: Você sabe que eu admiro muito seus poemas, e, mais do que gostar, eu os amo. O que é a poesia pra você?
Vinícius: Não sei, eu nunca escrevo poemas abstratos, talvez seja o modo de tornar a realidade mágica aos meus próprios olhos. De envolvê-la com esse tecido que dá uma dimensão mais profunda e consequentemente mais bela.
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Clarice: Reflita um pouco e me diga qual é a coisa mais importante do mundo, Vinícius?
Vinícius: Para mim é a mulher, certamente.
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Clarice: Você quer falar sobre sua música? Estou escutando.
Vinícius: Dizem, na minha família, que eu cantei antes de falar. E havia uma cançãozinha que eu repetia e que tinha um leve tema de sons. Fui criado no mundo da música, minha mãe e minha avó tocavam piano, eu me lembro de como me machucavam aquelas valsas antigas. Meu pai também tocava violão, cresci ouvindo música. Depois a poesia fez o resto.
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Fizemos uma pausa. Ele continuou:
Tenho tanta ternura pela sua mão queimada ...
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(Emocionei-me e entendi que este homem envolve uma mulher de carinho). Vinícius disse, tomando um gole de uísque:
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É curioso, a alegria não é um sentimento nem uma atmosfera de vida nada criadora. Eu só sei criar na dor e na tristeza, mesmo que as coisas que resultem sejam alegres. Não me considero uma pessoa negativa, quer dizer, eu não deprimo o ser humano. É por isso que acho que estou vivendo num movimento de equilíbrio infecundo do qual estou tentando me libertar. O paradigma máximo para mim seria: a calma no seio da paixão. Mas realmente não sei se é um ideal humanamente atingível.
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Clarice: Como é que você se deu dentro da vida diplomática, você que é antiformal por excelência, você que é livre por excelência?
Vinícius: Acontece que eu detesto tudo que oprime o homem, inclusive a gravata. Ora, é notório que o diplomata é um homem que usa gravata. Dentro da diplomacia fiz bons amigos até hoje. Depois houve o fato: as raízes e o sangue falaram mais alto. Acho muito difícil um homem que não volta ao seu quintal, para chegar ou pelo menos aproximar-se do conhecimento de si mesmo.
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Clarice: Como pessoa, Vinícius, o que você deseja alcançar?
Vinícius: Eu desejaria alcançar outra coisa. Isso de calma no seio da paixão. Mas desejaria alcançar uma tal capacidade de amar que me pudesse fazer útil aos meus semelhantes.
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Clarice: Quero lhe pedir um favor: faça um poema agora mesmo. Tenho certeza que não será banal. Se você quiser, Menestrel, fale o seu poema.
Vinícius: Meu poema é um duas linhas: você escreve uma palavra em cima e a outra embaixo porque é um verso.
É assim:
Clarice
Lispector
Acho lindo seu nome, Clarice.
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Clarice: Você poderia dizer quais as maiores emoções que já teve? Eu, por exemplo, tive tantas e tantas, boas e péssimas, que não ousaria a falar delas.
Vinícius: Minhas maiores emoções foram ligadas ao amor. O nascimentos de filhos, as primeiras posses e os últimos adeuses. Mesmo tendo duas experiências de quase morte - desastre de avião e de carro - mesmo essa experiência de quase morte nem de longe se aproximou dessas emoções que falei.
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Clarice: Você se sente feliz? Essa, Vinícius, é uma pergunta idiota, mas que eu gostaria que você respondesse.
Vinícius: Se a felicidade existe, eu só sou feliz enquanto me queimo e quando a pessoa se queima não é feliz. A própria felicidade é dolorosa.
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Meditamos um pouco, conversamos mais ainda, Vinícius saiu. Então telefone para uma das esposas de Vinícius.
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Clarice: Como você se sente casada com Vinícius?
Ela respondeu com aquela voz que é um murmúrio de pássaro:
Muito bem. Ele me dá muito. E mais importante do que isso, ele me ajuda a viver, a conhecer a vida, a gostar das pessoas.
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Depois conversei com uma mocinha inteligente:
A música de Vinícius, disse ela, fala muito de amor e a gente se identifica sempre com ela.
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Clarice: Você teria um "caso" com Vinícius?
Não, porque apesar de achar Vinícius amorável, eu amo um outro homem. E vinícius me revela ainda mais que eu amo aquele homem. A música dele faz a gente gostar ainda mais do amor. E "de repente, não mais que de repente", ele se transforma em outro: e é o nosso poetinha como o chamamos.
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Eis pois alguns segredos de uma figura humana grande e que vive a todo risco. Porque há grandeza em Vinícius de Moraes.

Nelson Rodrigues

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"Avisei a Nelson Rodrigues que desejava uma entrevista diferente. É um homem tão cheio de facetas que lhe pedi apenas uma: a da verdade. Ele aceitou e cumpriu."
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Clarice: Você é da esquerda ou da direita?
Nelson: Eu me recuso absolutamente a ser de esquerda ou de direita. Eu sou um sujeito que defende ferozmente a sua solidão. Cheguei a essa atitude diante de duas coisas, lendo dois volumes sobre a guerra civil na História. Verifiquei então o óbvio ululante: de parte a parte todos eram canalhas. Rigorosamente todos. Eu não quero ser nem canalha de esquerda nem canalha de direita.
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Clarice: Nelson, você se referiu à solidão. Você se sente um homem só?
Nelson: Do ponto de vista amoroso eu encontrei Lúcia. E é preciso especificar: a grande, a perfeita solidão exige uma companhia ideal.
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Clarice: Ah, Nelson, isto é tão verdadeiro.
Nelson: Mas diante do resto do mundo eu sou um homem maravilhosamente só. Uma vez fiquei gravemente doente, doente para morrer. Recebi em três meses de agonia três visitas, uma por mês. Note-se que minha doença foi promovida em primeiras páginas. Aí, eu sofri na carne e na alma esta verdade intolerável: o amigo não existe.
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Clarice: Nelson, como consequencia de meu incêndio, passei quase três meses no hospital. E recebia visitas até de estranhos. Eu não sou simpática. Mas o que é que eu dei aos outros para que viessem me fazer companhia? Não acredito que não se tenha amigos. É que são raros.
Nelson: Ou eu dou muito pouco ou os outros não aceitam o que tenho para dar.
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Clarice: Mas você tem sucesso real - e sucesso vem quando se dá alguma coisa aos outros. Você dá.
Nelson: Eu tenho o que chamaria de amigos desconhecidos. São sujeitos que eu nunca vi, que cruzam comigo numa esquina, numa retreta, num velório. Certa vez fui a uma capelinha ver um colega morto. Eram duas horas da manhã. Uma mocinha saiu do velório ao lado com um caderninho na mão. Fez uma mesura para mim e disse: "Quero ter a honra de apertar a mão do autor de A vida como ela é." E me pediu o autógrafo. Eu senti que estava vivendo um momento da pobre ternura humana. Eis o que eu queria dizer: o amigo possível e certo é o desconhecido com que cruzamos por um instante e nunca mais. A esse podemos amar e por esses podemos ser amados. O trágico na amizade é o dilacerado abismo da convivência.
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Clarice: Mas Hélio Pellegrino é seu amigo, e Otto Lara Resende é seu amigo.
Nelson: Não. Eu é que sou amigos de ambos. É possível que um de nós ame alguém. O difícil (não quero dizer impossível) é que esse alguém me ame de volta. Hoje, antes de vir a sua casa, almocei com Hélio Pellegrino, como faço todos os sábados. Por causa de uma opinião minha, ele, com a sua cálida e bela voz de barítono de igreja, dizia para mim: É mentira, é mentira! Nunca me ocorrera nesta encarnação ou em vidas passadas, chama-ló de mentiroso. Naquele momento ele pôs entre nós a mais desesperada e radical solidão da terra. Tal agressividade não devia existir na história da amizade. Cabe então a pergunta: e porquê? Resposta: é impraticável a discussão política nobre. Sempre que pensa politicamente o sujeito se desumaniza e dezumaniza os problemas. E o Otto nunca me deu um telefonema. Estou dizendo isso com a maior, a mais honrada, a mais inconsolável amargura.
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Clarice: Você fala em encarnação e vidas passadas. Você é esotérico? Acredita em reencarnação?
Nelson: Eu sou apenas cristão, se é que eu o sou. A única coisa que me mantém de pé é a certeza da alma imortal. Eu me recuso a reduzir o ser humano a melancolia do cachorro atropelado. Que pulhas seríamos se morrêssemos com a morte.
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Clarice: Mas aonde vai a nossa alma, depois de mortos?
Nelson: Aí está o mistério e o mistério não impede evidentemente que a alma seja imortal.
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Clarice: Nelson, em quantos empregos você trabalha escrevendo?
Nelson: Eu tenho três colunas diárias, obrigatórias (escrevo muito mais para atender a pedidos insuportáveis). Tenho duas crônicas no Globo, as "confissões" e Chuteiras imortais. No Jornal dos Sports faço também uma crônica de futebol. Quando vou escrever um romance ou uma peça de teatro estou em plena estafa e tenho que fazer um superesforço. Acho que minhas condições de trabalho são desumanas.
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Clarice: Você está preparando algum romance ou peça de teatro?
Nelson: Eu tenho mil projetos romanesco e teatrais. Mas não tenho tempo físico para realizá-los.
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Clarice: Você se considera artisticamente um homem realizado?
Nelson: Não. Eu me considero inversamente um fracassado. Não me realizei e nem acho que alguém se realize. O único sujeito realizado é o Napoleão de hospício que não tem Waterloo nem Santa Helena.
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Clarice: Nelson, qual é a coisa mais importante do mundo?
Nelson: É o amor.
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Clarice: Qual a coisa mais importante para uma pessoa como indivíduo?
Nelson: É a solidão.
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Clarice: O que é o amor, Nelson?
Nelson: Eu sou um romântico num sentido quase caricatural. Acho que todo amor é eterno e, se acaba, não era amor. Para mim, o amor continua além da vida e além da morte. Digo isso e sinto que se insinua nas minhas palavras um ridículo irresistível, mas vivo a confessar que o ridículo é uma das minhas dimensões mais válidas.
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Clarice: Nelson, você tem dado muitas entrevistas. Todas elas se parecem com esta?
Nelson: Não, eu estou fazendo um esforço, um abnegado esforço, para não trapacear nem com você nem com o leitor.
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É preciso dizer que, durante a entrevista toda, ele não sorriu nenhuma vez. Com a verdade grave não se sorrir. Mas Nelson não tinha ainda dito o que queria quanto à pergunta: o que é o amor. Voltamos pois a ele.
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Nelson: Não estou me referindo ao sexo. O sexo sem amor é uma cristalina indignidade. Sempre que o homem ou a mulher deseja sem amor se torna abjeto. Uma mulher não tem o direito de se despir sem amor. Mesmo o bíquini, mesmo o decote, e repito, nenhuma forma de impudor é lícita se a criatura não ama. Se a criatura não ama, não pode usar biquíni, ousar certos decotes ou qualquer outra forma de impudor.
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Clarice: Você é um homem de sucesso. Até que ponto o sucesso interfere na sua vida pessoal?
Nelson: Não interfere justamente porque porque eu e Lúcia fundamos a nossa solidão.
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Clarice: Você gostou de me dar essa entrevista?
Nelson: Gostei profundamente. O que conta na vida são os momentos confessionais.
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*As entrevistas foram publicadas no livro: Clarice Lispector - Entrevistas, da Editora Rocco.

terça-feira, 11 de agosto de 2009












Peixinhos novos. Vamos escolher os nomes!?!